terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Tema recorrente aqui, disso não há sombra de dúvida, é a morte.

Se não é a morte, socorro-me de seus correlatos, de suas consequências de toda ordem.

Assim é que as renúncias, evanescimentos, perdas de objetos reais e imaginários, funeral, caixões, são apenas variações semânticas, por vezes literárias, dos abismos de todo gênero que contaminaram os textos nesses tempos.

Ao cumprirem diligentemente uma de suas funções, a de evidenciar a minha intolerância à finitude das coisas e às diversas nuances da aspereza do real, posso me reconhecer, com marca indelével na testa, de que não passo de um homem em estado infantil.

É ao diluir-me nas minhas representações de morte que me revolto contra minhas saturações.

Uma morte programada, planejada, calculada.

Nada mais.

4 comentários:

Vanessa Ferreira disse...

Incrivél, como você consegue massacrar a si próprio.

(risos)

Alex P. disse...

Vanessa, esse é um talento nato meu ! hehe

Mas nem é tão massacre assim, vai.

Anônimo disse...

Consideracoes sobre a morte

Morte, exilio e tudo mais que é valido de temor mantenha diariamente na frente de seus olhos, principalmente a morte e voce nao tera nunca pensamentos mesquinhos ou desejar algo de forma exagerada.

Epiteto, Manual da moral, 21.

Alex P. disse...

Taí um comentário elegante e conciso, senhor Drôgas.

Então, para Epiteto, a morte é como um agente regulador, né ? Sua presença viva deixa a pequenez e estreiteza, em uma ponta, e a grandeza irreal, em outra ponta, como coisas prejudiciais.

Isso me lembra uma coisa que ouvia há anos atrás, que nada mais é do que uma variação do mesmo tema: se pensarmos na morte como uma coisa que vai ocorrer amanhã, o que realmente teria importância hoje, das coisas que julgamos importantes ?

A pergunta que pode ser feita é: pode-se de verdade viver assim, com essa certeza tão próxima da morte ?