sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tudo que é humano se corrompe

Normalmente, quando algo começa, impregna-se dos maiores desejos de êxito os projetos a que se decide canalizar alguma energia. União de esforços individuais, criação de esforço coletivo, sonhos e projeções, todos estão na raiz dos grandes projetos levados a cabo pela humanidade.

Sob a denonimação de grandes projetos temos de tudo, independentemente do valor ou julgamento histórico, ético e político que se possa fazer sobre seu conteúdo: do anarquismo ao nazismo, da escravidão à terceirização, do mercantilismo ao capitalismo high-tech, da luta dos primatas contra a supremacia da natureza até o atual ecologismo, do processo de criação da democracia ao longo dos tempos, dos mais diversos caminhos e meios criados para a elevação do espírito do homem, alcançando até mesmo o mais simples projeto individual.

Inexiste projeto humano que não esteja impregnado da essência que lhe confere exatamente esse caráter: a capacidade de lidar com um futuro inexistente e incerto, a partir de uma perspectiva positiva e otimista, havendo em cada um dos projetos uma tentativa de superação da realidade e crença em um certo futuro.

Porém, se por um lado há esse caráter esperançoso em qualquer projeto, tirânico ou não, por outro constata-se que a natureza humana tinge com outra cor os mesmos projetos.

Pela simples aplicação da regra de que tudo que é humano se corrompe atingimos uma ceifa universal: após delírios e esforços, após crescimentos e vítórias, dos louros se segue inevitavelmente a corrupção.

Dos mais belos sistemas políticos já idealizados e postos em prática pelo homem, não se pode negar que os mesmos foram também corrompidos por culpa do mesmo. Nas mais belas relações amorosas, a corrupção oriunda do homem rompe a integridade com que outrora se definiu o amor. Nos mais íntegros sistemas de ética concebidos, a prática humana foi capaz de deitar por terra uma vida virtualmente virtuosa.

Mesmo as religiões construídas a partir do desemparo humano, encontram seus limites, suas dúvidas, quando colocadas em choque com o real do homem no mundo.

Se há algo, assim, que não pode ser definido como simples pessimismo na compreensão geral das coisas, mas sim como marca que carrega aquilo que é projetado pelo homem, é que sua falibilidade a todo momento nos dá prova de sua existência.

Também é isso ser o humano.

4 comentários:

Anônimo disse...

''pessimismo da razao e otimismo da vontade'', baby...

Alex P. disse...

muito bem lembrado...

Mas a merda é que mesmo quando se concretiza algo, demonstrando o otimismo da vontade e superando o pessimismo da razão, há algo que é caracteristicamente humano e que tem o poder de corromper a tudo.

Não sei bem o que é: contingências, conflitos, desgastes ou simplesmente um fim, assim como têm fim todas as outras coisas...

Anônimo disse...

boa hora pra pensar como os orientais, o tal ciclo onde a degeneraçao é o adubo pra o q vem depois...
saca aquela dos elementos deles, agua que apodrece a madeira que vira terra que queima com o fogo que derrete o metal e tals? entao...
abraço.

Anônimo disse...

"Humano, completamente humano..."

E tem gente que ainda me perguntava porque eu nunca tirava a camiseta da Clangor.