sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ri muito de mim mesmo. Ri tanto, mas tanto que durante todos segundos em que perduraram os risos, toda minha existência não mais fez qualquer sentido reconhecível.

Ora, o que eram todos os meus problemas e frustrações enquantou eu podia simplesmente rir ?

Nada ! A não ser os próprios motivos dos risos. Estranho.

Em alguma parte de mim havia algo que ridiculariza os meus entraves. Sabotava as minhas tristezas. Relevava minhas dificuldades. Desprezava meus medos.

Seriam nesses momentos, os dos risos, em que finalmente deparava-me com minha lucidez ?

Tudo adquirira o sabor do real contorno da verdade... Mas a náusea... Mas a náusea chegou.

Os risos estúpidos silenciaram. A onda assolou-me. O morcego voou sobre mim e suas asas negras - muito maiores do que o próprio - tornaram a noite mais escura do que calabouço.

A náusea é o calafrio. A vontade das lágrimas cortou meus olhos como uma navalha.

Mas então com um só silêncio, tudo mudou !

Os risos cessaram e então não haviam mais motivos para chorar. A rapidez de tudo me constrangeu profundamente.

Guardei meus problemas, meus medos, minhas frustrações e minhas folhas.

Respirei fundo. Prossegui.

Mas eu sei que você volta.

9 comentários:

Anônimo disse...

Caro efêmero,

Já riu tão verdadeiramente a ponto de esquecer naquele instante os seus problemas?

Já chorou tão verdadeiramente a ponto de sentir o grande vazio te engolindo, o arrependimento monstruoso das palavras ditas, o horripilante medo da conseqüência de tais palavras e a grande tristeza de ter magoado alguém que tanto se gosta?

Alex P. disse...

Caro anônimo

Sim, para um e para outro.

Sim para rir e sentir que no riso perene se alcança um "estado de suspensão" de qualquer coisa triste ou alegre que esteja nos tomando a atenção. Suspende-se, simplesmente. São segundos em que tudo perde a importância, e a consciência - por mais atormentada que seja ou esteja - torna-se apenas uma "consciência que ri", nada mais. Às vezes é só isso que buscamos...

Mais difícil é o chorar e seu efeito. A sucessão de adjetivos por você utilizado, "grande vazio, arrependimento monstruoso, horripilante medo e grande tristeza", muitas vezes só encontra expressão em gotas salgadas.

Já chorou a ponto de sair mais leve e exorcidado ? É um exercício de ascese...

Anônimo disse...

Sr. Efêmero

Neste momento não encontrei estas tais lagrimas exorcistas, não consegui ficar mais leve com o meu choro e sim me sinto cada vez mais:

"VIL"

Alex P. disse...

Caro Sr./Sra. Anônimo anônimo

Vil ? Ok.

Isso, creio eu, faz parte do que chamei de "ascese", ou talvez seja mera arrogância minha querer achar alguma coisa sobre seu sentimento.

Mas, quem sabe o sentir-se vil seja o caminho para o sentir-se exorcizado...

Acredite, não seria a primeira vez a ocorrer.

Anônimo disse...

ascese? Nao!

e sim palavras ditas errôneamente
ou melhor de forma diferente mas que tem o mesmo significado.

Choro por isso.

Anônimo disse...

Efêmero, apague isso!

Foi bom falar mais uma vez com vc

fui um tanto nostálgico.

Adeus

Alex P. disse...

Nostálgico e "anônimo", Sr. Anônimo !

Anônimo disse...

Caro Sr. Efêmero,

Não sei se te escrevo por habito ou pelo simples fato de sentir a sua falta.

O anonimato além de me proteger, garante a sua resposta.

Abraços, Sra. Anônima

Vanessa Ferreira disse...
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