Em Setembro de 2003, isso era o que o Aikido me provocava, conforme texto escrito à época, que já pela forma, até mais do que pelo conteúdo, me provoca inegável estranheza:
"Ontem, uma sensação estranha.
Diante de uma figura que exala um conhecimento invejável que busco a todo custo alcançar, mesmo contando com minha mediocridade, senti-me bem por poder simplesmente estar.
Desconstruindo uma espécie de "mito", quebrando expectativas. Nunca me sinto bem ao enxergar dentro de mim essa espécie de devoção a essa cultura e a esse conhecimento que tanto me atrai.
Talvez seja a serenidade que tanto invejo. Talvez seja meu desejo de fortalecer-me de forma inteligente. Talvez eu queira aprender e ter em mim, como raízes fincadas no solo, coisas que jamais poderão ser extraídas... por quem quer que seja...
Não sei até onde vai essa minha fascinação - coisa tão tipicamente ocidental - para as artes e para o modus vivendi da cultura japonesa. Pode ser um traço daquele meu antigo pensamento de que existe, em algum lugar físico ou mental, algo que seja realmente diferente da melancolia e da tristeza do mundo em que vivemos hoje...
E eu então sugo a seiva. Sem saber ao certo para onde busco realmente ir...
Uma mão segurando um copo de chá quente. E a gélida sensação de saudade daquele momento presente que não era ainda o passado, percorreu-me o espírito em movimentos circulares e tão familiares.
Nesse momento, meus olhos se desviaram e tive a certeza de aquele par de olhos riscados notou meu incômodo."
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2 comentários:
Por que não se sentir bem com essa devoção? Ela não precisa ser cega, e pode ser canalizada para uma busca de conhecimentos. Conhecimentos esses que DEVEM sobrepujar os simples atos físicos, que não passam de representações "materiais" de um estudo que vai além. A percepção se aguça, e a maneira de compreender o mundo também, talvez. E talvez por isso os tais olhos riscados percebam não só o seu incômodo, como também tudo ao seu redor...
bjão
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