terça-feira, 14 de outubro de 2008

sobre o Aikido

Em Setembro de 2003, isso era o que o Aikido me provocava, conforme texto escrito à época, que já pela forma, até mais do que pelo conteúdo, me provoca inegável estranheza:

"Ontem, uma sensação estranha.

Diante de uma figura que exala um conhecimento invejável que busco a todo custo alcançar, mesmo contando com minha mediocridade, senti-me bem por poder simplesmente estar.

Desconstruindo uma espécie de "mito", quebrando expectativas. Nunca me sinto bem ao enxergar dentro de mim essa espécie de devoção a essa cultura e a esse conhecimento que tanto me atrai.

Talvez seja a serenidade que tanto invejo. Talvez seja meu desejo de fortalecer-me de forma inteligente. Talvez eu queira aprender e ter em mim, como raízes fincadas no solo, coisas que jamais poderão ser extraídas... por quem quer que seja...

Não sei até onde vai essa minha fascinação - coisa tão tipicamente ocidental - para as artes e para o modus vivendi da cultura japonesa. Pode ser um traço daquele meu antigo pensamento de que existe, em algum lugar físico ou mental, algo que seja realmente diferente da melancolia e da tristeza do mundo em que vivemos hoje...

E eu então sugo a seiva. Sem saber ao certo para onde busco realmente ir...

Uma mão segurando um copo de chá quente. E a gélida sensação de saudade daquele momento presente que não era ainda o passado, percorreu-me o espírito em movimentos circulares e tão familiares.

Nesse momento, meus olhos se desviaram e tive a certeza de aquele par de olhos riscados notou meu incômodo."

2 comentários:

Lúcia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lúcia disse...

Por que não se sentir bem com essa devoção? Ela não precisa ser cega, e pode ser canalizada para uma busca de conhecimentos. Conhecimentos esses que DEVEM sobrepujar os simples atos físicos, que não passam de representações "materiais" de um estudo que vai além. A percepção se aguça, e a maneira de compreender o mundo também, talvez. E talvez por isso os tais olhos riscados percebam não só o seu incômodo, como também tudo ao seu redor...

bjão