sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Onirismo com Pedantismo I

Misto de sutileza da febre que, como pluma de fogo, assoprava bafo quente em meu rosto, aliado às imagens de destroços provocados pelo recente conflito armado na Georgia, vistos por parcos segundos na TV, provocou-me pedante delírio nesta noite que se passou:

Sonhei com Maiakóvski ! Ou melhor dizendo, no meio de um sonho permeado de total escuridão, uma voz grave e decidida, atropelando-se incessantemente no enunciar das frases desordenadas, assim bradava, com o império de quem se pretende monopólio dos ouvidos:

"Fumo de tabaco roi o ar..."
"Recorda -atrás desta janela pela primeira vez apertei tuas mãos, atônito"


O sujeito de voz grave também bradou outras frases, as quais morreram na infinita profusão do inconsciente que não existe (viu, alemãzinha ?).


Fico ansioso em saber e angustiado por não recordar. Terá esse digno, culto e nobre visitante da minha noite ardente, recitado outros trechos que já se foram da minha memória, ou quiçá, trechos que eu desconheço por completo ? Terá ele falado de plenos pulmões além de Lilitchka ? De ananás e de outras coisas mais ?


Atenção Sr. Visitante ! Caso me contemple com nova visita, e assim desejo, já aviso de antemão que odiaria ouvir essa voz grave me importunar no escuro:
Não acabarão com o amor,
nem as rusgas, nem a distância.
Está provado,
pensado
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme
fiel
e verdadeiramente.

Não ! Não me venha, Sr. Visitante, com otimismos.
Passar bem !

Um comentário:

Anônimo disse...

Permita-se a contradição. "Só o tolo não muda de opinião"... Viver é experimentar o que está aí para ser vivido, e não crenças, não reflexões. Situações problemáticas amadurecem, frustram, traumatizam, educam... Mas também nos calejam e impedem de viver muitas coisas válidas, razoáveis.

O que você está deixando de viver?