
Nó frouxo na gravata torta.
Luz branca insuportavelmente alva.
Papéis, petições, intimações, revisões.
Palavras desconexas.
Abro o pequeno livro de Álvares de Azevedo,
fiel escudeiro do dia após dia.
Sinto o golpe da casualidade oculta em suas amarelas páginas,
que assim me falam:
Soneto
"Perdoa-me, visão dos meus amores,
Se a ti erguí meus olhos suspirando !...
Se eu pensava num beijo desmaiando
Gozar contigo uma estação de flores !
De minhas faces os mortais palores,
Minha febre noturna delirando,
Meus ais, meus tristes ais vão revelando
Que peno e morro de amorosas dores...
Morro, morro por ti ! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora...
Sem que última esperança me conforte,
Eu - que outrora vivia ! - eu sinto agora
Morte no coração, nos olhos morte !"
Com raiva nas mãos,
fechei o livro escrito pelo moleque.
Não se desnuda impunemente um homem.
Gravata arrancada.
Porta batida.
Fim do dia.
11 comentários:
Oi, Arekusu san!
Alvares de Azevedo, hein... Por vezes me deparo com ele também! Mas tenho evitado, as semelhanças já foram muitas, e as dores me trazem lembranças...
Mas, assim como mais uma vez você transporta o leitor para dentro do texto, não consigo deixar de sorrir pensando em você e no Marcelo treinando kotegaeshi nague! ;)
Beijos
Lúcia
Ull... Machado tbm adorava o Álvares de Azevedo.
E quem és tú, bravo e caro anônimo ? Relate melhor sua experiência sobre vômito e amor, que li no seu comentário sobre um post antigo !
:-)
Tem um cara q diz o seguinte: "O sr. crítico anônimo deveria assinar sr. Patife." Descobrindo o autor da frase fica fácil saber, não são muitos os q lhe têm apreço, mas eu insisto: ele tem a Verdade (e não acredita na existência Dela)... Boa sorte, um abraço.
Olá Alex, obrigado pelos comentários. Li seus últimos posts e também gostei bastante. O que me impressiona nessa nau de pretensos escritores e pretensiosos escrevedores é que poucos me trasmitem sinceridade. Essa coisa tão simples que bem dosada faz o conteúdo mais bobo ficar mágico. Andei preguiçoso e atrapalhado com a vida, mas fiz mais uma atualização espero que goste. E que nos esbarrões de rua, show pela vida a gente se fale mais que um cumprimento e uma saudação, hehehe
um grande abraço
até.
Corrected, huh? :)
Oh vergonha, veja no q dá postar bêbado por ai, cometi dois erros terríveis... Olha só, não é do Álvares de Azevedo q o Machado fala, mas do ALUÍZIO, de "Demônios" (muito bom). Quanto ao velho Schop... É claro q ele acredita na Verdade, só não na sua acessibilidade, um bom kantiano afinal... Ei vejam meu blog tbm, só recorte-cole, original como um cover de Elvis: http://marthicoravrykolaka.zip.net
Já sei quem é você, anônima ! hehe
Citando Schopenhauer e Machado de Assis, e postando por aqui, bêbada, não há como ter dúvida agora. :-P
Espero que leia as próximas bobagens que virão !
Mas ainda fica a curiosidade em saber como é que você chegou nesse canto obscuro do planeta...
Resgatei uns contatos do orkut antigo p/ procurar comunidades c/ e-books disponíveis, mas vc não tem nenhuma... Passa c/ o Guttemberg? Pô e a foto do gordinho? Era a coisa mais engraçada do mundo... Já visitou meu blog?
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