segunda-feira, 14 de julho de 2008

Que se fodam meus joelhos doloridos e minha perna lesionada.
O que me importava unicamente era pisar com toda minha força na areia granulada, sentindo meus pés descalços afundarem naquela massa bege e compacta violentada pelo meu peso.

Que se fodam, também, minhas costas avermelhadas como sangue e o ardor provocado pelas roupas que a todo tempo as roçam. Nada mais era importante além do sol que me queimava deliberadamente o couro, desprovido de proteção, sem qualquer pudor.

Que se fodam meus pulmões. Colocá-los a todo limite e atingir o grau de quase inconsciência provocado pelo incessante arfar nada mais era do que um doce exercício solitário em meio a tantas pessoas.

Que se foda essa chama interna do corpo que sempre fraqueja. Corri com sorrisos solitários em direção à mais gélida água falsamente aquecida pelo sol de inverno. Gritei a plenos pulmões enquanto meu peito, minhas nádegas, meu abdômem e meu pescoço eram irremediavelmente envolvidos pelo cobertor fluido e sedutor que era a água.

Que se fodam todas as mágoas.
Todas as tristezas.
Todas as lágrimas que molham o deserto.
Ontem eu era corpo que sorria.

5 comentários:

Lúcia disse...

Nossa,

Era tanta a necessidade dessa viagem, né? Mas fico feliz por você ter sentido toda essa energia, que nos ajuda a suportar a rotina interminável...

Beijos

Lúcia

Unknown disse...

Engraçado... dizem que o mar tem o poder de renovação... acho que funciona mesmo, não?

Fiquei feliz de ter te reencontrado desse jeito tão casuístico...

Beijos, se cuida...

Marcelo Guimarães disse...

E a molecada, distante,
Eufórica, correu na lâmina
Formada por água e areia.

O sol, testemunha
E árbitro, fazia-nos
Lembrar da condição de homem.

E esquecidos, da vida,
Da dor, ficamos sem
A falsa amiga; solidão.

E o mar, sereno, frio,
Deixou-nos calados,
E ficamos a fitar.

Este silêncio,
Só acordou com as gargalhadas,
Sim acertamos e tomamos lama na cara.

No céu a pipa do garoto,
Na cadeira a mãe feliz,
Na areia pegadas loucas de euforia.

Ao redor, a alegria absurda e Inexplicável de uma gente que sofre
Em silêncio mas sorri por coisas ditas pequenas; e assim a vida vale a pena, vale a praia, vale a amizade, montanha, até aquele cachorrinho cheio de verme na barriga a pedir carinho; a berinjela nabraza também.

Lúcia disse...

Eita... Adorei, Marucero san!!!!

O dia que se inspirar, escreve um desses no meu blog também... :)

bjs

Lúcia disse...

Olha só... mudou o fundo do blog...hehehe... bjs